Promotoria exige do Metrô explicações sobre retirada de estação de Higienópolis
sexta-feira, 13 de maio de 2011A promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo determinou que o Metrô apresente, no prazo de 30 dias, um estudo técnico para justificar a mudança de local de uma estações da futura linha 6-laranja, que seria construída no bairro Higienópolis. A alteração na obra teria sido causada por protestos de moradores, que ficaram preocupados com a popularização do bairro de elite da capital paulista.
O Metrô confirmou que estuda a mudança do local da futura estação da linha-6 Laranja, mas não menciona a pressão dos moradores. A empresa afirmou, em nota, que a definição da nova localização depende da conclusão de estudos geotécnicos e do melhor posicionamento para implantação da obra, de forma a causar o menor impacto na região.
Para o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, os moradores que se opõem à construção de uma estação na avenida Angélica, a principal do bairro Higienópolis, “são os mesmos que reclamam quando as empregadas domésticas chegam atrasadas para trabalhar”. Os opositores do projeto “também são aqueles que criticam o volume de carros estacionados nas ruas do bairro por causa da falta de estacionamento em uma universidade da região.
O magistrado questiona o argumento do Metrô de que a alteração no projeto aumentaria as distâncias entre os acessos das linhas amarela e laranja. Segundo a empresa, a estação Angélica ficaria a apenas 610 metros da estação Higienópolis-Mackenzie e 1.500 metros da futura estação PUC-Cardoso de Almeida.
– Se for este o critério, vale pensar que distância existe entre as estações Anhangabaú e República [linha 3-vermelha], por exemplo. O bairro Higienópolis carece de opções de transporte coletivo e não pode se tornar uma zona de exclusão de metrô.
Lopes vive em Higienópolis e não poupa críticas ao comportamento dos vizinhos que se opõem às obras do Metrô. Para ele, parte dos moradores do bairro compõe uma “elite tacanha, com vocação escravocrata”. Ainda segundo o magistrado, o público de Higienópolis está “acostumado a olhar pela diagonal a sociedade ao redor do bairro”.
A recusa de alguns moradores virou piada no site Twitter, microblog na internet. Os termos “Higienópolis” e “#gentediferenciada” eram alguns dos assuntos mais comentados na rede social Twitter nesta quinta-feira (11).
Também há uma movimentação para se fazer um churrasco ao ar livre diante do shopping de alta classe Pátio Higienópolis no sábado (16). O promotor garantiu presença no protesto e disse que permanecerá com os manifestantes “do começo ao fim do ato”.
O relatório técnico entregue pelo Metrô deverá ser analisado pelo grupo de seis magistrados que compõe a promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público. O parecer da equipe pode resultar na abertura de um inquérito civil público, que pode ser encaminhando à Justiça com um pedido para que a estação Angélica permaneça na avenida.
Fonte: R7