Em Higienópolis, moradores jogam ovos em manifestantes contra texto do chanceler do Mackenzie
sexta-feira, 26 de novembro de 2010Moradores de um prédio localizado na esquina da avenida Higienópolis com a rua Itambé, região central de São Paulo, jogaram ovos em manifestantes que protestam desde o fim da tarde desta quarta-feira contra o “Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia”, texto assinado pelo chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Os ovos atingiram um homem e uma mulher. Segundo a Polícia Militar, cerca de 500 pessoas participam da manisfestação.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) chegou a fechar as ruas Maria Antonia e Maranhão, mas as vias já foram liberadas. Os manifestantes atravessaram a rua Consolação e seguem para a rua Augusta pela rua Caio Prado. O grupo pretende ir até a avenida Paulista –onde quatro rapazes foram vítimas de agressões homofóbicas.
Membros de organizações LGBT e alunos do Mackenzie –contrários ao posicionamento do chanceler– também estão no protesto. Os manifestantes estão com cartazes que dizem “educação laica, chega de inquisição” e “amar é um direito de todos”.
O texto, que é contra a aprovação do PL 122 que criminaliza a homofobia no Brasil, foi publicado no site da universidade na semana passada e replicado em blogs, mas já foi retirado do ar. O protesto foi marcado via Facebook (rede social).
Nele, o chanceler, cargo máximo da universidade, recomenda à comunidade acadêmica a se orientar pelo que pensa a Igreja Presbiteriana do Brasil, associada vitalícia da instituição de ensino.
“Os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas”, afirma Lopes, antes de dar parênteses ao que diz a igreja.
Na ocasião, a assessoria do Mackenzie afirmou que a universidade “se posiciona contra qualquer tipo de violência e descriminação” e “contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição”.
No manifesto da igreja, endossado pelo chanceler, a instituição diz que é contra à aprovação da lei “por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia”.
Em nota divulgada hoje, a assessoria disse que o Mackenzie respeita o direito de expressão de todos os cidadãos e reconhece o direito de manifestação pacífica.
“Hoje consolidada como uma das instituições de ensino mais conceituadas do país, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que possui cerca de 40 mil alunos e 3 mil funcionários, sempre prezou pelo respeito à diversidade e pelo direito de liberdade de consciência e de expressão religiosa”, diz a nota.
Fonte: Folha Online